Desana Tukano

 

 Povos Indígenas Desana Tukano

 

Os Desanos referem-se a um grupo indígena Umukomasã que se caracteriza como da família tukano oriental e que habita o noroeste do estado do Amazonas. Sua origem, no entanto, parte precisamente às margens do Rio Uaupés e seus afluentes que colonizaram outros 3 territórios, tais como um deles que concerne a Colômbia.. Deste modo, ao integrarem atualmente 17 etnias, emergem nativos índios que muitos dos quais se dizem ao Arapaso, Bará, Barasana, Karapanã, Kubeo, Makuna, Siriano e entre outras, que ocupam-se da mesma bacia fluvial.

Por conseguinte, subsidiam aproximadamente 30 divisões sobre os Desanos, isto é, os indivíduos pertencem ao grupo de seu pai e falam a sua língua, mas devem se casar com membros de outros grupos, idealmente falantes de outras línguas. Com isso, carregam consigo como princípio básico a cosmologia tukano, que  combina a perspectiva móvel e a replicação da organização social em diferentes escalas da existência, que consistem na ideia de corpo, comunidade, casa, cosmos, e organização análoga entre níveis diferentes da experiência.

Compartilham uma área geográfica contínua e um mesmo modo de vida básico. No passado, todos moravam em casas comunais (ou malocas) de estilo relativamente uniforme: uma grande construção retangular com teto maciço de forma triangular e portas em cada ponta. Falam línguas muito próximas no que diz respeito à gramática e ao vocabulário. A maioria fala pelo menos duas línguas e frequentemente compreende outras, privilegiando a língua paterna nas conversas cotidianas. Esses povos têm ainda estilos de ornamentação corporal semelhantes.


LOCALIZAÇÃO;

Os Desanos habitam  principalmente o Rio Tiquié e seus afluentes Cucura, Umari e Castanha; o Rio Papuri (especialmente em Piracuara e Monfort) e seus afluentes Turi e Urucu; além de trechos do Rio Uaupés e Negro (inclusive cidades da região). Localizam-se no noroeste do estado brasileiro do Amazonas, mais precisamente nas Áreas Indígenas Alto Rio Negro, Médio Rio Negro I, Médio Rio Negro II, Pari Cachoeira I, Pari Cachoeira II, Pari Cachoeira III, Taracuá, Yauareté I e Reserva Indígena Balaio, além da Colômbia.


POPULAÇÃO;

  aproximadamente 30 divisões entre os Desana, entre eles chefes, mestres de cerimônia, rezadores e  os ajudantes (o número pode variar), eles são um dos dezesseis povos dessa família linguística que moram no Brasil e na Colômbia. São aproximadamente 1,5 mil indivíduos no Brasil, distribuindo- se em cerca de 60 comunidades misturadas a outros povos indígenas da mesma família linguística.


CULTURA;

Os Desanos são conhecidos como caçadores, e a caça é feita principalmente por homens.   Preparam a criança para aprender quais animais podem ser  e quando devem ser  caçados.  Aprendem  a criação de armadilhas e códigos de conduta, e quais animais não é permitido a caça.  Antes de sair da caça, o Desano deve purificar sua alma e se abster de sexo, para que o espírito do dono possa atrair sua presa e trazer boa sorte ao caçador. Tradicionalmente, a caça de animais terrestres era realizada com arcos, flechas, zarabatanas e dardos, mas hoje os rifles são usados ​​no processo.

 A pesca é a segunda atividade mais importante. Junto com a caça, fazem parte da dieta alimentar da tribo durante o período quente.No inverno, frutas silvestres, mel e alguns insetos são um importante complemento à dieta.

A agricultura é a atividade que as mulheres melhor praticam. Os homens começam a trabalhar (cortando e queimando), mas as mulheres são responsáveis ​​por preparar a terra, cuidar e fazer a colheita. A agricultura de coivara, sendo a "mandioca brava" o principal produto.

 

 RELIGIÃO;

 A religião deste povo é o Xamanismo. Uma percepção religiosa que confere ao xamã, a capacidade de entrar em transe e se conectar com o mundo espiritual o xamanismo usa de estados alterados de consciência, que são obtidos através das batidas dos tambores, de danças, cânticos ou uso de plantas enteógenas, que permitem a manifestação do divino através das alterações psíquicas causadas por plantas ou substâncias psicoativas..

 Como outros povos das terras baixas da América do Sul, os Desana distinguiam vários tipos de especialistas em rituais com base em sua fonte de força e na natureza de seus métodos de tratamento. Eles desempenhavam a função de prevenir e curar doenças: os yea, ou xamã-onça, e os kumua, ou xamã-rezadores.


Piutr Jaxa, antigo habitante de Pari-Cachoeira, no Uaupés, e que atualmente vive na [https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3921 Terra Indígena Balaio]. Foto: Piort Jaxa, 1993.


PROCESSO DE PERMANÊNCIA,LUTAS E RESISTÊNCIA;

A chegada dos missionários iniciou no final do século XIX, e provocou diversas transformações culturais e sociais no cotidiano dos indígenas da tribo desana. Os missionários olharam a cultura dos desanos através das lentes de suas próprias categorias religiosas, ou seja, para eles os pajés eram “charlatões”, as festas e as danças eram ocasiões de “indecência e embriaguez”, o culto de Yurupari era o “culto ao diabo” e as malocas dos índios eram "antros licenciosos e promíscuos". Além disso, milhares de índios morrem após o contato direto ou indireto com os não indígenas e as doenças (gripe, sarampo, varíola, febre amarela, tuberculose, sífilis, diarreia com sangue, etc.) trazidas por eles, pois não tinham imunidade natural. Vale ressaltar, que as crianças foram levadas à força para as escolas ou internatos, onde foram incentivadas a casar-se dentro de seus próprios grupos, proibidas de falar o idioma nativo e incentivadas a abandonar os valores e os costumes ensinados por seus pais. Ademais, os desana não resistiram à destruição dos rituais sagrados dos antigos, entretanto, alguns rituais foram preservados através dos livros (Antes o Mundo Não Existia e o Livro dos Antigos Uhari) escritos pelos próprios desana, como os instrumentos de caça e pesca, a dança, o canto, o conhecimento das bases da economia primária, a língua e a prática de fazer artesanato de arumã. Diante disso, atualmente pode-se observar as consequências dessas transformações provocadas pela chegada dos missionários, como: o fato da maioria dos índios do Uaupés se considerarem católicos, a língua dos desana ter sido substituída pelo português e o tukano, as festas indígenas não serem acompanhadas por flautas de pã ou danças e músicas nativas, a maloca ser substituída por um centro comunitário para a realização de atividades coletivas e a cachaça ser consumida sem moderação, o que provoca muitas brigas e discussões entre os indígenas.



REFERÊNCIAS;

1- HUGH- JONES, Stephen. Desana: Povos Indígenas. Indígenas no Brasil, ISA, p. 1, 9 set. 2002 .Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Desana. Acesso em: 6 jan. 2022.

2-  Instituto Socioambiental (ISA) Desana. Desana Acesso em Janeiro 2022

3- Garnelo, Luiza; Buchillet, Dominique. Taxonomias das doenças entre os índios Baniwa (Arawak) e Desana (tukano oriental) do alto Rio Negro (Brasil) Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 12, n. 26, p. 231-260, jul./dez. 2006  Disponível em PDF

4 - FUNAI, Museu do índio. DESANO: Povos Indígenas. Indígenas no Brasil, Proclin, p. 1, Disponível em: http://prodoclin.museudoindio.gov.br/index.php/etnias/desano/povo acesso em: 06 jan 2022

5-  Todas as imagens foram retiradas do site: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Desana