Ashaninka
Localização e população
A área
de ocupação dos Ashaninka estende-se por um vasto território, desde a região do
Alto Juruá e da margem direita do rio Envira, em terras brasileiras, até as
vertentes da cordilheira andina no Peru, ocupando parte das bacias dos rios
Urubamba, Ene, Tambo, Alto Perene, Pachitea, Pichis, Alto Ucayali, e as regiões
de Montaña e do Gran Pajonal. A grande maioria dos Ashaninka vive no Peru. Os
grupos em território brasileiro hoje também são oriundos do Peru, e começaram a
migrar em sua maioria para o Brasil no final do século XIX sob a pressão dos
cauchoeiros peruanos. Aqui, os Ashaninka estão localizados em distintas e
distintas terras indígenas, todas na região do Alto Juruá (veja ao lado “Terras
Habitadas”).
Os
dados censitários realizados pelos antropólogos que trabalharam com essas
pessoas variaram muito e enfatizaram a dificuldade de estabelecer a população
total. No Peru, os dados variam de acordo com a fonte e a data da pesquisa, de
10.000 a mais de 50.000 pessoas. Apesar dessas estimativas hipotéticas, todos
enfatizaram a importância demográfica dos Asaninka e descreveram este grupo
como um dos maiores grupos populacionais indígenas da Amazônia peruana e mesmo
de toda a Amazônia. De acordo com o censo de 1993 do Instituto Nacional de
Estatística e Informatica (INEI), o povo ashaninka, no Peru, soma 51.063
indivíduos distribuídos em 359 comunidades, constituindo a população nativa
mais numerosa da Amazônia peruana. No Brasil, por falta de registros, pesquisas
realizadas por antropólogos, organizações indígenas e Funai também mostraram
grandes diferenças. Além dessas dificuldades técnicas, há também uma forte
tendência à emigração, característica da sociedade tradicional Ashaninka, o que
dificulta investigações mais precisas. Apesar das dificuldades, a organização
não governamental CPI-AC estima que a população de Ashaninka residente no
Brasil seja de aproximadamente 869.
De
acordo com a CPI-AC, havia 472 pessoas em Ashaninka em Amônia em 2004,
representando cerca de metade da população de Ashaninka no Brasil. Mais de 80%
da população agora vive na aldeia de Apiwtxa ou próximo a ela. Por via fluvial,
a aldeia de Apiwtxa fica a cerca de 80 quilômetros de Marechal Thaumaturgo e a
350 quilômetros de Cruzeiro do Sul. As distâncias em linha reta são 30 e 180
quilômetros, respectivamente. Esta aldeia foi fundada em 1995 e está localizada
na parte baixa da TI, próxima à divisa da Reserva de Escavação do Alto Juruá e
do assentamento do Incra. Ainda segundo dados da CPI-AC, a população da TI Rio
Breu em 2004 era de 114 Ashaninka. A TI Igarapé Primavera tem 21 pessoas e a TI
Kampa do Rio Envira tem 262 pessoas.
Nome e língua
Os
Ashaninka pertencem a família lingüística Aruak (ou Arawak). Eles são o
principal componente do conjunto dos Aruak sub-andinos, também composto pelos
Matsiguenga, Nomatsiguenga e Yanesha (ou Amuesha). Apesar das diferenças
dialéticas, o Ashaninka apresenta grande homogeneidade cultural e linguística. Ao
longo da história, Ashaninka foi identificado como nomes diferentes: Ande,
Anti, Chuncho, Pilcozone, Tamba, Campari. No entanto, seu nome mais conhecido é
Campa ou Kampa, e este nome é frequentemente usado por antropólogos e
missionários para se referir especificamente aos Ashaninka ou para designar
Aruak sub-andinos de forma genérica, com exceção de Piro e Amuesha. Ashenĩka é
como as pessoas se autodenominam, o que pode ser traduzido como "meus parentes",
"meu povo" e "meu povo". O termo também se refere ao tipo
de espírito que vive "acima" (henoki).
História no Peru
Os
Ashaninka vieram de um casal que foi colocado na terra para iniciar e fazer
crescer a população Ashaninka. Depois, vieram os filhos desse casal que foram
orientados por seus pais. Esta família a
gente chama hoje de Pawa. Tomaram kamarãpi (ayahuasca) muito forte e, cantando,
foram para outro lugar, mas deixaram os caminhos e os ensinamentos de como
tinha que ser feito para a gente viver aqui, trabalhar, sobreviver. Eles não
morreram, de onde eles estão continuam vivos, sem estarem presentes aqui
conosco. Se alguém quisesse conversar com ele tinha que ser através do
kamarãpi. Por isso que o kamarãpi é uma
coisa muito sagrada e importante, porque é ele que faz a ligação para manter
vivos os ensinamentos e a história.
No
passado, nós ocupávamos lugares que não eram nesta região amazônica. Viemos
sendo pressionados pela presença dos ocupantes espanhóis, mas historicamente os
Ashaninka vieram de uma região mais central do Peru. Não tem uma história
escrita, mas conhecemos que houve um movimento que veio de muito longe, por
conta da luta para se esconder, para se afastar dos invasores, para fugir dos
brancos e se proteger. Os Ashaninka formavam bases e tomavam conta dos rios,
porque os rios eram os caminhos que eles usavam. Então, eles montavam
aldeias-referência para impedir a entrada, como se ali fosse o limite para que
alguém não pudesse ocupar, chegar e morar naquela região.
Os
Incas formaram um império muito grande com uma estrutura que chamava muito a
atenção e os Ashaninka tinham muito medo de ficar perto e de se envolver, pois
sabiam que os brancos estavam chegando com a intenção de ocupar tudo. Os Incas
não se atentaram para isto, enquanto os Ashaninka já vinham de outras
experiências. Com relação à nossa
presença no rio Amônia, os Ashaninka vieram pra cá num momento em que aqui
ainda não era ocupado, não tinha a presença de nenhum branco, não era Peru, nem
era Brasil ainda. Só eram índios, os Ashaninka e os Amahuaca, e tinha conflito
de terra, porque os Ashaninka ficavam sempre num rio e os outros ficavam fora
do rio e aqui e acolá tinha conflito entre eles. Depois foram chegando os
brancos para ocupar esses espaços e os Ashaninka ficaram nesse meio e até hoje
estamos vivendo aí. Marechal Taumaturgo era uma comunidade peruana, depois que
os brasileiros tomaram esse lugar. Os antigos Ashaninka falam desse conflito,
das brigas por conta da terra.
História no Brasil
Atualmente,
encontramos os Ashaninka em território brasileiro no Alto Juruá. Oriundos do
Peru e localizados hoje nas margens dos rios Amônia, Breu, Envira e no igarapé
Primavera, a história da ocupação ashaninka na região é, no entanto, difícil de
estabelecer com exatidão. A população hoje localizada no rio Amônia provém de
diversos horizontes e é fruto de migrações sucessivas. Além dos deslocamentos
populacionais no sentido Peru-Brasil, via Alto Juruá ou alguns afluentes do
Ucayali ocorreram também ao longo do século XX várias migrações dos Ashaninka
do Envira e do Breu em direção ao rio Amônia. Do mesmo modo, embora algumas
famílias ashaninka permanecessem de maneira estável no rio Amônia a partir da
década de 1930.
Os
Ashaninka confirmam que, no final do século XIX e início do XX, o rio Amônia
era também o habitat de índios Amahuaka, seus inimigos tradicionais e
considerados índios "brabos". Para os patrões caucheiros e
seringalistas, a presença dos Amahuaka era uma ameaça permanente à exploração
da borracha e uma preocupação constante. Conhecidos como excelentes guerreiros,
os Ashaninka serviram os interesses dos patrões brasileiros e peruanos que
promoveram estrategicamente as hostilidades tradicionais entre os dois povos. Abundantes em seringa, as margens do curso
inferior do Amônia, do município de Marechal Thaumaturgo até os igarapés Artur
(margem esquerda) e Montevidéu (margem direita), onde se encontrava a última
colocação do antigo seringal Minas Gerais, foram progressivamente ocupadas
pelos seringueiros nordestinos a partir do final do século XIX.
Exploração madeireira e luta
pela terra
Distantes
dos centros urbanos e dos eixos rodoviários, os Ashaninka não sofreram
diretamente e de maneira intensiva os efeitos da expansão com a economia
agropecuária que caracterizou a “segunda conquista” do Acre na década de 1970.
Se os “paulistas” (nome pelo qual eram qualificados os novos colonos vindo do
sul do Brasil) também adquiriram vários seringais na região do Alto Juruá para
transformá-los em fazendas destinadas à criação de gado, o rio Amônia ficou
relativamente afastado dessa frente de expansão, apesar de suas margens também
terem sofrido desmatamentos para esse tipo de economia.
Se
algumas famílias ashaninka foram trabalhar com patrões em fazendas, plantando
roçados ou “limpando” o campo para a criação de gado, a crise da borracha e a
pressão territorial em busca de novos recursos caracterizaram-se no Médio e
Alto rio Amônia, essencialmente, pela exploração madeireira. Essa atividade
desenvolveu-se a partir da década de 1970 e intensificou-se nos anos 80,
multiplicando o contato dos Ashaninka com a sociedade branca regional.
A
principal responsável pelos danos causados ao meio ambiente e à população
ashaninka, na medida em que se envolveu em todas as invasões da Terra Indígena,
promovendo a retirada de toras de mogno e cedro em escala industrial. A área
mais atingida está localizada entre os igarapés Taboca, Revoltoso e Amoninha,
onde ocorreram três invasões mecanizadas – em 1981, 1985 e 1987 – que abriram
um total de cerca de 80 quilômetros de estrada e ramais na mata. Durante a
década da madeira, o ritual do piyarentsi era frequentemente invadido pelos
posseiros, acusados de embriagar os índios com cachaça e de abusar sexualmente
das mulheres. A música e as danças indígenas eram desprezadas pelos brancos,
que levavam seus gravadores e impunham suas preferências musicais.
O
contato intensivo com os brancos caracterizou-se pela multiplicação das
doenças: gripe, pneumonias, coqueluche, sarampo, hepatite, febre tifóide,
cólera... Embora não existam dados quantitativos que permitam avaliar com
exatidão o impacto dessas doenças na população indígena, os Ashaninka afirmam
que elas se tornaram endêmicas, causando várias mortes, atingindo,
principalmente, as crianças e dizimando muitas famílias. No início de 1985, uma
equipe do órgão indigenista, vinda de Brasília, é enviada à área para dar
prosseguimento ao trabalho de delimitação e demarcação da Terra Indígena,
iniciado em 1978. Na volta da equipe, a Funai encaminha uma denúncia ao IBDF,
predecessor do Ibama, e à Polícia Federal, que enviam representantes à área,
apreendendo as 530 árvores abatidas ilegalmente e multando os responsáveis.
Conflitos com posseiros
Segundo
os Ashaninka, o período de 1987 a 1992 representou uma época de grandes
inseguranças, ao mesmo tempo caracterizada pela organização progressiva dos
índios em defesa de seus direitos, principalmente à terra, e pela multiplicação
dos confrontos com os posseiros brancos. Para romper a dependência econômica em
relação aos patrões madeireiros, os Ashaninka inauguraram, a partir de 1986,
uma cooperativa. Uma série de proibições é então estabelecida: corte de
madeira, caçadas com fins comerciais e com uso de cachorros, presença de
brancos no ritual do piyarentsi. Isso intensifica a hostilidade dos posseiros,
que passam a veicular boatos infundados sobre a família Pianko, principal
liderança na cooperativa, procurando vinculá-la à guerrilhas de esquerda e ao
tráfico de cocaína. Em agosto de 1991, em viagem realizada a Brasília, as
lideranças ashaninka foram acompanhadas pela antropóloga Margarete Mendes e a
advogada Ana Valeria Araújo Leitão, assessora jurídica do Núcleo de Direitos
Indígenas (NDI, uma das instituições que deram origem ao ISA). Na capital
federal, o grupo teve audiência com os mais altos funcionários da Funai, Ibama,
Secretaria do Meio Ambiente, Procuradoria Geral da República e Polícia Federal.
A
viagem a Brasília foi decisiva para acelerar o processo de demarcação e teve um
grande impacto no Alto Juruá. As ameaças de morte intensificaram-se, geralmente
feitas pelos posseiros e seus familiares mais revoltados contra os índios. Em
Brasília, o NDI agilizou as formalidades para a demarcação da área. Essa ONG
entrou em contato, através de um diplomata inglês e com o auxílio da GAIA
Foundation, com a Overseas Development Agency (ODA), agência financiadora do
governo britânico, e conseguiu o financiamento necessário para realizar a
demarcação da TI.
Cosmologia e xamanismo
Entre
os Ashaninka, são encontrados características cosmológicas xamânicas. O
universo para eles é dividido em vários níveis, com o mundo invisível por trás
do mundo visível, como cada povo.
esse universo é dividido da seguinte forma de baixo para cima, encontramos:
sarinkavérini (o inferno), Kivínti (o primeiro nível subterrâneo), Kamavéni (o
mundo terrestre), Menkóri (o mundo das nuvens) e outras camadas que cobrem a
terra e compõem o céu. O conjunto dos níveis celestes é denominado henóki.
Mesmo esses níveis sendo inter relacionados, os moradores de cada um deles
vivem de maneira sólida. A espiritualidade Ashaninka apresenta um caráter
dualista. No cosmos, Pava, são os espíritos bons, os espíritos maus seria os
Kamari, e por isso o Xamã atua como mediador entre os homens e as diferentes
camadas do cosmos, com o auxílio do tabaco, da coca e do ayahuasca,
comunicam-se com os bons espíritos e combatem as forças diabólicas.
Ashaninka cultura material
Os
Ashaninka contam que sempre tiveram canoas , casas e roçados tinham
tabmbém várias qualidades de mandioca . Embora os brancos regionais
também morem em casas elevadas, as dos
Ashaninka, geralmente, não têm paredes ou divisões e são cobertas com
palha, folhas, etc, enquanto os wirakotxa ribeirinhos usam
alumínio. Diferentemente da maioria dos outros grupos indígenas das terras
baixas sul-americanas, os Ashaninka sempre usaram roupas. Foram as
filhas de Pawa que ensinaram as mulheres ashaninka a tecer e a fazer a
vestimenta. Se seu uso na Terra Indígena é restrito, mas ao prepararem sua
bagagem para as viagens fora da aldeia, as lideranças, junto com a
kushma, geralmente, não esquecem o chapéu. Usados a tiracolo em
diagonal, com muitas voltas, eles
são, geralmente, enfeitados com adornos que caem nas
costas. Entre os instrumentos musicais, os Ashaninka destacam os
tambores e a flauta de tipo sõkari.
Rituais
Entre
os Ashaninka, tanto a bebida feita de ayuaska como o ritual são chamados
kamarãpi . O kamarãpi se caracteriza pelo respeito e silêncio e
contrasta fortemente com a animação festiva do ritual
piyarentsi. Contrariamente ao piyarentsi, esses cantos sagrados do
kamarãpi não são acompanhados por nenhum instrumento musical. O kamarãpi é
um legado de Pawa, que deixou a bebida para que os Ashaninka adquirissem o
conhecimento e aprendessem como se deve viver na Terra. É através do kamarãpi
que o sheripiari realiza suas viagens nos outros mundos e adquire a sabedoria
para curar os males e as doenças que afetam a comunidade. A cura realizada
através do kamarãpi é eficaz apenas para as doenças nativas
causadas, geralmente, por meio da feitiçaria.
Organização social
A luta
contra a exploração madeireira e pela demarcação da Terra Indígena causou
transformações importantes na organização social e política dos Ashaninka do
rio Amônia. Com a criação da associação Apiwtxa, os novos líderes que
surgiram durante a luta pela demarcação da área tornaram-se os mediadores entre
os Ashaninka e os diferentes setores do indigenismo e desenham hoje os caminhos
da política interétnica. Essas mudanças na política interna e na
organização social dos Ashaninka do rio Amônia resultam de fatores
externos, mas também revelam a dinâmica e a criatividade da própria
sociedade ashaninka, que incorporou esses novos modelos reinterpretando
sua estrutura social tradicional. Com um padrão de assentamento
tradicionalmente disperso, a organização social ashaninka é muito
flexível. Entre os Ashaninka do Amônia, essas duas definições estão
presentes. Dessa forma, podemos levantar a hipótese de que não existe
palavra na língua ashaninka para designar «chefe», o termo de origem
quéchua kuraka sendo o único unanimemente reconhecido para qualificar essa
função.
Política interétnica e
desenvolvimento sustentável
A
cooperativa criada pelos Ashaninka do rio Amônia começou a funcionar em 1987,
com recursos da Funai. No início dos anos 1990, os Ashaninka passaram a
investir na produção de artesanato, cujo comércio era favorecido naquele
contexto pela visibilidade política e midiática da Aliança dos Povos da
Floresta. Até os dias atuais, a produção e venda de artesanato representam
de 70 a 80% do capital da cooperativa e são a principal atividade comercial dos
Ashaninka.
Para
oferecer um dispositivo legal capaz de negociar e executar projetos, bem como
defender os interesses dos Ashaninka do rio Amônia, em 1991 foi criada a
associação Apiwtxa, oficialmente registrada em 1993. Através do conceito de
“educação diferenciada” e do projeto de criação de uma “escola tradicional”
promovido pelas lideranças da Apiwtxa desde 1997, afirma-se que o processo de
revitalização nacional e cultural é significativo no campo da educação escolar.
Recentemente, os Ashaninka também se apropriaram de vídeos para registrar
momentos importantes da comunidade e seus conhecimentos tradicionais. Escolas e
vídeos, ferramentas da sociedade ocidental, adquirem novos significados por
meio dos Ashaninka do rio Amonia. Por isso, os instrumentos musicais brancos
foram reinterpretados pelos índios, o que hoje ajuda a fortalecer suas
tradições culturais e a confirmar sua identidade étnica.
Após a demarcação das terras
Indígena, em 1992, os Ashaninka do rio Amônia também iniciaram uma série de
projetos de desenvolvimento sustentável com diferentes parceiros indigenismo,
buscando alternativas para a extração de madeira em seus territórios e buscando
comercializar partes da terra. seus recursos naturais, produzidos de forma
sustentável. Juntamente com o CPI (Centro de Estudos Indígenas, organização não
governamental que não existe mais), a associação ashaninka desenvolveu um projeto
com óleos de palma e fragrâncias nativas da região.
Em 1994, ainda no âmbito da
Aliança dos Povos da Floresta, shaninka recebeu um projeto da embaixada dos
Países Baixos um projeto de vigilância e conservação ambiental que financiou um
mínimo de infraestrutura para proteger os territórios indígenas da invasão. Em
1995 e 1996, os Ashaninka de Amônia tentaram coletar sementes de árvores
locais. Para o mercado de reflorestamento, os produtos são enviados ao IPEF,
ESALQ e de Piracicaba (SP). Pelo acordo
de cooperação, o instituto é responsável pela comercialização das sementes e,
após receber 25% da taxa de armazenamento e preservação, o restante será
repassado à Apiwtxa com base nas vendas. Em cooperação com a Secretaria de
Coordenação do Ministério do Meio Ambiente da Amazônia (SCA-MMA), foi
implementado um projeto de apicultura com financiamento do Governo do Estado do
Acre e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Apiwtxa.
A preocupação da Ashaninka com
o uso sustentável do meio ambiente e de seus recursos também se reflete na
fauna. Depois que a extração de madeira, a pesca e a caça predatória por
posseiros brancos causaram destruição, os Ashaninka começaram um plano para
manejar a fauna em terras indígenas por conta própria. Muitos animais, como o
tracajá (shenpiri), quase desapareceram da área na década de 1980. Em 1993, em
reunião da comunidade, Ashaninka discutiu o manejo do tracajá e decidiu proibir
a coleta de ovos e carne de animais para alimentação por um período de três anos.
Os índios também proibiram o uso do veneno waakashi (timbó) para preservação de
peixes na pesca do rio Amônia e córregos principais. Assim como a pesca, a caça
também é foco de uma importante medida que visa o replantio das matas dos
animais tradicionalmente caçados pelos Asaninka.
Por isso, nos últimos 15 anos,
a Apiwtxa recebeu financiamentos de diversas fontes e formou parcerias que
permitem a implementação de alternativas econômicas que respeitam o meio
ambiente. Ashaninka no rio Amônia não apenas adotou uma "abordagem
sustentável", mas agora é considerado um exemplo de grande sucesso de uma
nova direção política no desenvolvimento da Amazônia, que busca conciliar a
conservação da natureza com alternativas econômicas viáveis para as
comunidades.
Referência:
Pib.socioambiental.org. 2022. Ashaninka - Povos Indígenas no Brasil . Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Ashaninka> Acessado em 7 de janeiro de 2022.
A gente luta - Trailer/ We struggle (Ashaninka). 2022. [video]. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=HYkMExeSMdU&t=151s > Acessado em 6 de janeiro de 2022.